... lacrimae sanguis animae sunt ...

31 October 2006

O valor e o significado de Deus

Nestes últimos séculos, percebe-se que os valores parecem estar se perdendo. Valores como a vida, a morte, a religião, o amor, a liberdade e o respeito, dentre outros, parecem ter perdido seu real significado. Hoje vou me deter a falar sobre religião como um valor.

Esta busca por algo maior, divino, potente, que seja e represente tudo que está e acontece na vida. Um Deus. Desde o início da história da humanidade, o homem atribui à Deus tudo o que ele não pode compreender. A civilização moderna, evoluída, ainda não tem respostas definitivas para a maioria das coisas. Toda a explicação "científica" (humana) é baseada em teorias. Estas são apoiadas em tratados, que são o consentimento humano conjunto (mesmo que de olhos vendados).

O homem é capaz de explicar de onde vem os seres, mas não explica de onde vem a matéria que os compõem. E nem a própria mente ele é capaz de explicar. Isso porque é impossível explicar como uma espécie 'nova' como os humanos (se formos comparados outros seres) pôde evoluir a tal modo a ponto de ter razão e consciência, mas ser incapaz de entender a si mesmo.

É neste exato ponto que entra o "Divino". O homem passa a pensar que deve haver algo maior, criador, que comande e saiba de tudo. Único ser capaz de explicar o mistério do mundo. A consciência humana permite pensar que isso é possível, já que toda explicação humana é em vão quando o homem se olha no espelho.

Aí então entra outra questão: a fé. Para crer em algo que não se tem certeza da existência, o homem precisa partir da idéia de que ele vai acreditar nisso incondicionalmente.
Essa fé incondicional e irrestrita traz ao homem sinais, os quais são interpretados como um "sinal do Divino". A partir daí começam a se organizar as doutrinas. Homens fazem tratados entre si, dizendo até que ponto vai sua fé. Impõe alguns critérios para separar "divino" do "acaso". Esse complexo sistema vai se organizando e evoluindo de forma tão natural quanto a própria natureza.

Hoje, ao início do século XXI e com quase 1 milhão de anos de evolução da inteligência humana nas costas, a civilização dá às pessoas tanta liberdade e tanta informação, que uma das maiores encruzilhadas que elas vão enfrentar em toda sua vida vai ser justamente a do "cético versus divino". E a maioria das pessoas não opta por um único caminho. Ora são céticas, ora religiosas.

Esse é o grande mal desta era. Tanto ser cético e crer em algo divino, quanto ser religioso e querer respostas claras é impossível. Escolher os dois caminhos é o mesmo que permanecer na encruzilhada, sem respostas, sem certezas.

O significado de Deus e do divino é crer que há uma força maior, inalcançável, incompreensível e intocável, que rege este mundo e a forma como tudo se comporta.

O valor de crer nisto é sentir aos poucos que Deus é tão real quanto a pedra que se pode tocar, e que sua presença é tão palpável quanto o calor do fogo nas mãos. É sentir que nada é por acaso, que a única espécie consciente dentre outras milhões não existe ao acaso. É entender que por mais que o homem se esforce e entenda o universo, será sempre incapaz de entender à si mesmo.



"Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra."
Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. "

(Gênesis 1, 26-27)

posted by Renan C. Ferreira at 11:22:00 PM

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